Sempre que estamos no período de
véspera das eleições gerais, o Congresso Nacional se articula com o objetivo de
alterar as regras do processo eleitoral, quase sempre com o objetivo de
facilitar a permanência dos mandatários em seus cargos com a busca por
reeleição. Algumas mudanças necessárias, outras que nem os próprios
parlamentares conseguem explicá-las as suas bases. Também é verdade que algumas
propostas são balões de ensaio, que dificilmente vão encontrar respaldo para
prosseguirem. Mas no meio de muitos embates, uma proposta sempre é lembrada por
alguns parlamentares, a de unificação das eleições, cabendo ao eleitor escolher
na mesma eleição o vereador e o presidente da República.
Dentre os defensores de tal tese,
está o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal,
Senador Otto Alencar (PSD/BA). Dentre os argumentos, a economicidade do
processo eleitoral e a alegação de que os trabalhos legislativos param a cada
dois anos em função das eleições. No papel, dois projetos que pautam tal
proposta se destacam, a Proposta de Emenda à Constituição nº 19 de 2020, de
autoria do Senador Wellington Fagundes (PL/MT) e o Projeto de Lei Complementar
nº 112 de 2021 de autoria da Deputada Soraya Santos (PL/RJ).
O que parece no papel ser algo
compreensível, dando a entender ser um avanço, na verdade, é um dos maiores
retrocessos propostos sobre as alterações do Código Eleitoral Brasileiro dos
últimos tempos. A unificação das eleições limita o protagonismo necessário que
cada pleito merece e precisa ter. Não é compreensível que o debate sobre o dia
a dia dos municípios seja suprimido pelas discussões que envolvem as disputas
ao Palácio do Planalto e aos governos estaduais. Um alinhamento inconsequente
de candidatos a vereador e a prefeito com o candidato a presidente A ou B é
mais um dos riscos que assombram essa proposta. Já vivenciamos essas
consequências com aventureiros que buscam nadar na popularidade dos
presidenciáveis para se elegerem a deputado estadual, federal e senador, sem o
preparo mínimo exigido para exercerem tais funções. Precisamos discutir formas
de avançar em relação a ampliar os debates sobre os problemas da cidade em uma
eleição municipal, e aos problemas dos estados e do país nas eleições gerais,
não retroceder unificando e suprimindo as discussões. Democracia é debate, não
coro.
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Blog de Fernando Oliveira