O
desenvolvimento territorial é um dos novos desafios que se colocam frente a
gestores públicos, que passaram a entender que de nada adianta desenvolver suas
cidades se isso não se refletir também na região onde as cidades estão
localizadas. Esse desenvolvimento passa além da saúde, educação e segurança,
serviços públicos de primeira ordem, mas sim a busca por algo focado na geração
de renda, fomento a novos empregos e a possibilidade de agregar valor a
produtos oriundos do setor primário, entre outros.
Essa
condição já se mostrou eficiente e transformadora de realidade em regiões como
a Serra Gaúcha, para não precisar narrar algo fora do Rio Grande do Sul. O Vale
dos Vinhedos transformou a realidade dos municípios da Serra, agregando valor
ao vinho, produto típico na região, que vislumbrou uma série de novos setores
que vieram na esteira dessa atividade, como o turismo, a hotelaria, o setor
gastronômico e inúmeros outros. Essa conjuntura foi exitosa através da união da
iniciativa privada com o setor público, que juntos produziram uma sequência de ações
e de articulações que alavancaram o desenvolvimento territorial de uma região
que era vista apenas como entrega de mão de obra.
Diante
dessas considerações, podemos mostrar que o desenvolvimento só é efetivo se for
visto e trabalhado em grupo, afinal o município não é uma ilha e está sim
integrado a demais no seu entorno, dentro de uma região. É unindo municípios,
abraçados dentro de uma região, com setor privado e a busca permanente por
agregação de valor a arranjos produtivos locais e seus produtos e derivados.
Essa receita conhecida é o diferencial na busca por crescimento exponencial de
territórios.
No
nosso Vale do Jaguari, região que compreende os municípios de Santiago, Nova
Esperança do Sul, Jaguari, Mata, São Vicente do Sul, Cacequi, São Francisco de
Assis, Unistalda e Capão do Cipó, a proposta é alavancar o desenvolvimento
territorial através da apicultura, visto que a região se torna a maior
produtora de mel do país. Com isso, o destaque nacional, será o incentivo para o
aumento da produção apícola e o aumento de valor dessa produção local, sendo fatores
que vão marcar o início de um novo ciclo econômico na região, que levará
benefícios a todos os setores, do comércio, aos prestadores de serviços, ao
setor produtivo e a todas as frentes de trabalho que existem e que serão
criadas diante dessa nova imagem da região.
Além
do mercado atual, a apicultura apresenta novas oportunidades, como o caso do
mel da abelha sem ferrão (meliponídeo) que conta com alto custo de
comercialização e é ambicionado pelo setor farmacêutico devido aos gigantescos
benefícios medicinais. Esse componente se apresenta como desafiador, ainda pela
falta de regulamentação, mas que além de potencializar a circulação de renda
para famílias de apicultores, vai dimensionar o turismo de pessoas que vão
buscar conhecer como funciona a criação, cultura, e então aquecendo o consumo e
comercialização desse produto e seus derivados.
Mas
é preciso ir além da comercialização tradicional, é preciso otimizar esse
processo agregando valor, com o pertencimento local da comunidade e os
benefícios de ser a região de maior produção apícola. Devemos promover o
casamento da apicultura com as inúmeras belezas naturais da nossa região, a
produção de produtos do setor primário, o setor de eventos e gastronômico da
região, que juntos, com certeza são uma oportunidade ímpar de apresentar o produto
turístico palpável para qualquer família nessa globalização que ocorre na compra
de experiências que move o mundo do turismo. O Vale do Mel é o caminho para o
desenvolvimento territorial de uma região que precisa ser descoberta por muitos
ainda, o Vale do Jaguari.
*
Fernando Silveira de Oliveira é advogado sócio de Jobim Advogados Associados,
pós-graduando em Direito Administrativo e Gestão Pública pela Fundação do
Ministério Público do Rio Grande do Sul (FMP/RS), vereador do município gaúcho
de Santiago, presidente da Associação Regional Santiaguense de Apicultores
(ARSA) e da Associação de Cervejeiros Artesanais do Vale do Jaguari.
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