Palácio Farroupilha, sede da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. |
Ao
dedicarmos um tempo para estudarmos o motivo de existir uma representação
política, podemos perceber, com muita clareza, o quanto ela é necessária pra
respaldar os interesses e pleitos de um grupo, de uma cidade e até mesmo de uma
região. A democracia representativa é organizada de tal forma, que esses
segmentos sejam ouvidos através de seu representante eleito. Para permitir que
grupos menores tenham as mesmas oportunidades, o sistema eleitoral adota
métodos como a proporcionalidade e agora também as ditas sobras eleitorais.
Nessa
representação política, o Vale do Jaguari sempre encontrou em deputados
federais de outros lugares, a parceria necessária pra que nossos anseios
ecoassem no Congresso Nacional. Já na esfera estadual, a representação sempre
foi nossa, própria com representantes da terra. Essa representação fazia,
inclusive, com que cidades maiores como Santa Maria, encontrassem no nosso
deputado estadual a voz responsável por defender os interesses macrorregionais.
A
região foi cada vez mais permeabilizada por candidatos de outros lugares,
fazendo com que os votos sejam pulverizados, e a nossa unidade descaracterizada.
O resultado? Não temos nenhum deputado estadual do Vale do Jaguari, e todos os
nossos pleitos precisam ser terceirizados a parlamentares de outros lugares.
Outro motivo, para falta de representação da terra, é a cegueira política que
divide a região por questões partidárias e ideológicas, e deixa de lado o
anseio maior que é a unidade em torno de um nome que tenha condições eleitorais
de chegar a Assembleia Legislativa e defender o Vale do Jaguari como tanto
precisamos que sejamos defendidos.
Nas
eleições de 2018 a região teve cinco candidatos, que dentro dos nove municípios
somaram 35.277 votos, suficiente pra eleger um deputado. Isso não aconteceu em
função da própria divisão. O candidato mais votado, dentro e fora da região,
foi o ex-prefeito de Santiago, Júlio César Viero Ruivo (PP) que não alcançou
uma cadeira na Assembleia por 5.996 votos. Ele totalizou 27.695 votos. Algo
extremamente possível se a região tivesse se unido em torno de seu nome.
No
mesmo pleito, 74.276 eleitores foram às urnas no Vale do Jaguari. Se todos os
eleitores dos nove municípios que formam nossa região (Mata, São Vicente do
Sul, Cacequi, São Francisco de Assis, Santiago, Nova Esperança do Sul, Jaguari,
Capão do Cipó e Unistalda) depositassem seus votos em candidatos da terra,
poderíamos, com muita tranquilidade, termos até dois deputados estaduais na
Assembleia Legislativa. A falta de unidade em um nome, as divisões locais e a
pulverização de candidatos aventureiros de fora, são os motivos pra que isso
não tenha acontecido.
A
busca por infraestrutura que possa permitir que os negócios na região possam
crescer; a necessidade de boas estradas para que nossas produções agrícolas
possam escoar com efetividade; e que o turismo regional possa ser um atrativo a
mais, são pautas que passam permanentemente pelo parlamento estadual. Mas para
isso, não podemos mais aceitar que nomes da região sejam usados pelos partidos
pra captar votos só pra ajudar as legendas partidárias. Precisamos deixar esse
egoísmo de lado e buscar unidade em torno de um nome, em um movimento
suprapartidário que vise unicamente à ocupação desse espaço, que muitas vezes
já foi nosso. Não partidos, mas a região precisa de um representante na
Assembleia Legislativa.
*Fernando Silveira de Oliveira, 25 anos, bacharel em
Direito, estudioso de Direito Eleitoral e Vereador mais jovem eleito em
Santiago nas eleições de 2020.
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