5 de nov. de 2024

Eleições municipais: a revanche do eleitor

 

Autor: Fernando Silveira de Oliveira, advogado sócio de Jobim Advogados Associados e vereador de Santiago - RS.

No período que antecedeu as eleições, vivenciamos uma chuva de análises e leituras sobre qual recado o eleitor passaria nas urnas, através do voto. Muitos alegavam que a polarização entre direita e esquerda seria a pauta majoritária da eleição. Outros seguiam com a leitura de que eleição municipal discute a cidade, não apostando na nacionalização do debate. Eu próprio afirmava de que teríamos sim o protagonismo do eleitor, refutando as teses tradicionais que permeiam uma campanha eleitoral, mas buscando a prestação de contas de quem tinha mandato, com as entregas e resultados, e a qualificação e preparo dos postulantes.

O eleitor, com as redes sociais e o livre acesso a internet, tem na palma da mão a maior ferramenta já vista para busca e investigação sobre a vida pessoal, pública e profissional de quem quer que seja. Por que não fazer isso com os políticos que batem a sua porta ou que entram em suas redes sociais?! Essa busca foi uma das opções adotados pelo eleitor para que ele fizesse a sua escolha. Muito mais do que analisar apenas o período de campanha eleitoral, o eleitor analisou o todo, no caso dos mandatários, o período de atuação do político-candidato.

Com isso, os eleitores estão gradativamente mais criteriosos na hora de depositar o voto, buscando ver a executabilidade das promessas, a viabilidade das propostas e os resultados apresentados durante a vida e o mandato. Foi um recado muito incisivo de que essas eleições foram de fato a revanche do eleitor, cansado de falsas promessas, de tapinhas no ombro, da política sem ideal e presa nos discursos de que fala muito, mas pouco fez. O poderoso marketing e os gigantes padrinhos políticos perderam para o voto dado pelo eleitor atento e esclarecido, talvez o mais de todos os tempos.

Até a crescente abstenção é um recado dado pelo eleitor, de cansaço, descrédito e que dificilmente apostará na tese de escolher o “menos pior”. Esse movimento de aproximação do eleitor com a atividade política dos eleitos será cada vez maior, mostrando de que não há mais cheque em branco e com o voto dado seguirá com uma maior cobrança e permanente vigilância.

Todos ganhamos com isso. Os políticos precisam entender que a política mudou e que para seguir na vida pública cada vez mais haverá exigência de transparência em suas decisões, trabalho e dedicação aos representados, sempre, não só em véspera de eleição. Se não fizer, a revanche virá de forma incisiva, sem oferecer segunda chance para o replay.


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