O desafio do candidato com o crescente protagonismo do cidadão

 

Autor: Fernando Silveira de Oliveira, advogado sócio de Jobim Advogados Associados e vereador de Santiago - RS.

É muito comum no período que antecede as campanhas eleitorais, percebermos o movimento dos partidos com seus estudiosos para definição das diretrizes e estratégias eleitorais que vão ser pautadas na eleição, pontos que serão maximizados, almejando conquistar a simpatia do eleitor. Outras questões a serem trazidas pelos partidos serão as prestações de contas dos eleitos nas últimas eleições, para mostrar que merecem novamente a confiança do eleitor. Mas o que deve ser de fato elencado como prioridade é o crescente protagonismo do cidadão, que cada vez mais evidencia proatividade, sendo o titular das suas reivindicações e das queixas sobre a eficácia do sistema político.

Terá a eleição, o papel de discutir a vida da comunidade, o dia a dia das cidades e a busca pelas soluções para sanar os problemas que atingem as pessoas e suas vidas. O cidadão sabe que promessas serão apenas promessas, que quem já não fez, muito dificilmente fará. O candidato deverá estar muito atento ao que irá se comprometer na campanha, evitando correr o risco de ser severamente cobrado após a eleição com os ditos “cancelamentos”, o novo termo utilizado nas redes sociais. Os jargões de “mais saúde, educação e segurança” não serão mais comprados de facilmente pelo eleitor. Será necessário explicar como será o trabalho para trazer mais saúde, educação e segurança para as pessoas, com a devida coerência.

Teremos a necessidade de discutirmos questões reais, como médicos em postos de saúde, saneamento básico, empregos em cidades pequenas e até mesmo a criminalidade em grandes centros. Para isso, será indispensável a seriedade dos postulantes a cargos eletivos no momento de apresentar propostas para tais questões. O cidadão com a internet, tem na palma da mão o acesso a todas as informações que desejar ter, para confrontar evidencias com aquilo que é falado pelos candidatos. Esse processo tem toda celeridade do mundo e muito dificilmente ofertará espaço para correção daquele que busca o voto para se eleger.

A política está mudando e o cidadão, protagonista, sabe que quem dita as regras é ele, e não mais os grupos partidários. A decisão do voto é um ativo caríssimo e que pra conquistá-lo, precisará muito mais do que falar bonito e emocionar o público com postagens na internet, gerando expectativas com promessas insustentáveis. Nunca a qualificação e o conhecimento foram tão preciosos na política como será nas eleições deste ano. O eleitor está preparado para cobrar promessas, questionar o que foi feito e discutir sobre o que pode ser realizado. O desafio dos candidatos será mais complexo do que eles pensam com o aplaudível protagonismo que o eleitor tem conquistado com a sua emancipação política e cidadã, que será responsável por mudar o seu futuro.